Wednesday, June 29, 2005

Saturday, June 18, 2005

Ai! Se sêsse!...

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Autor: Zé da Luz

Wednesday, June 15, 2005

Veloz Cidade

Todos andavam freneticamente para todos os lados sem se dar conta de quem passava do seu próprio lado. Cada segundo perdido era debitado em noites de sono. O pilar que mais gerava receita era a sobrevivência, e não tinha seguro algum que pudesse garantir esta, o risco era muito alto. Todos eram ativos negociados nas suas próprias bolsas de valores, e quando suas cotações caíam parecia que todo o seu esforço para ser humano ia junto. Hoje é fantasma, seus cidadãos fizeram uma mudança coletiva para uma cidadezinha do outro lado da estrada: Feliz Cidade.

Sunday, June 12, 2005

M.S.P. = Movimento dos Sem Paraíso

Deveria estar na constituição dos direitos humanos, pertinho do artigo ou parágrafo (não sei como funciona isso) sobre a tortura : "Todo ser humano tem direito ao seu próprio paraíso". Como não está, somos obrigados a conquistá-lo de vez em sempre com muita força. Eu mesmo entro no meu derrubando a cerca, corto logo o que tem plantado no lugar que escolho e monto acampamento. Ali fico morando por um período não determinado pela cronologia dos mortais, habitando os meus sonhos e tentando não ser despejado da minha alma. A conhecida cachoeira e todos os outros elementos que compõem tal paisagem figurada pela bíblia estão lá, porém não se encontram na forma que conhecemos. A primeira derrama uma quantidade infindável de arrependimentos e outras coisas desprezíveis e os leva em direção ao oceano que eu escolhi para desaguar tudo isso. Podendo descarrega-los dessa forma, o resto só acompanha. De repente o tempo muda de vez, as águas se revoltam e invadem a terra, molhando todos os meus mantimentos que já eram poucos mesmo e acabam me levando para fora disso tudo. Desta vez não foi a maçã que me expulsou, apenas Deus ganhou a reintegração de posse na justiça.

Sunday, June 05, 2005

Zé de Arimatéia queria voar


Ilustração: A máquina de voar de Leonardo Da Vinci

-Tu te acaba Zé!
Gritou Leninha avistando Zé colocando a máquina em cima da carroça no fundo do quintal.
-Acabo nada muié, o homi falô que eu pudia.
- Pudia o que Zé?
- Pudia avoar feito os passo
- Mais qui homi foi esse?
E nisso Zé foi saindo porteira a fora que nem respondeu mais.
No entrocamento com a estrada velha prá o Crato passou pela venda de Toin de Dodô, onde foi alvo de mangação de todos, até o vento que dava nos galhos secos da caatinga parecia formar um coro de reprovação quanto a sua idéia de se jogar do alto do morro branco com a sua "máquina de avoar". E no caminho os apelidos e as piadas foram se multiplicando:
- Passo Preto!
Gritava um.
- Zé! Tú tem chifre, né asa não homi!
Complementava o outro.
Mas Zé nesse momento não era um homem dotado de visão lateral e audição para o que não vinha de si mesmo, apenas enxergava o que estava na linha reta e desesperada de suas pupilas dilatadas e ouvia somente a frase que lhe chamou a atenção em todo aquele discurso: "...você pode voar..."
E finalmente chegou ao tal morro, Juvêncio Matias, o jumentinho que puxava a carroça, já não aguentava mais, nem a subida no morro, nem a teimosia do seu patrão. E Zé danou a montar o seu sonho, encaixando parte por parte. Mas pera aí! Sonhos não têm nexo, como esse se encaixa tão bem? Ah, aí só ele pode explicar.
E embarcou, o único barulho presente no momento era o do vento, nisso ele nem reparou na quantidade de gente que se amontoava embaixo para ver o primeiro-último vôo do Arimatéia. De repente a velocidade do ar que fazia barulho no seu ouvido começou a aumentar, toda a sua imaginação perpendiculou-se ao barro vermelho daquela região e tornou-se paralela aos cactos, e de repente alguém gritou:
- Sai de baixo que lá vem ele!
Foi quando a multidão se abriu e o "Homi-passo do sertão" aterrisou, nada triunfal, devido à deselegância da pancada, porém imponente do alto de sua persitência que ao ouvir um discurso em que um candidato a deputado utilizou-se da metáfora "vocês podem voar mais alto" para dizer que os seus eleitores poderiam ir além se acreditasse nos projetos que ele propusera, mas esse discursante não contou com a possibilidade de que na platéia ansi e ociosa poderia existir um homem-exceção, que não compreendia meias palavras, no mesmo espaço de um homem-regra, que como todos os outros presentes, ainda acredita no que os políticos dizem.



C, A = CA; S, A = SA: Casa

Olhinhos ansiosos atrás de grades admiravam com certa estranheza aquelas naves de quatro rodas chegando cheias de tudo o que eles pouco conheciam. As portas foram abertas pela lavanderia e os colos foram dados, os materiais da caridade vieram depois, na escala de necessidade de suas vidas o coração estava morrendo de fome. E nisso fomos alternando todas as prioridades dessas crianças, entre um copo de mingau e um pedaço de afeto podemos todos rir da graça que um palhaço, as vezes tido imaginário por elas, fazia até do que vinha de fora do muro azul. 1895, era a data no alto de seu castelo, mas o prato amigo e os garfos camaradas eram o que ajudava a manter os dias de 2005, exatos 110 anos do primeiro começo daquelas histórias. Despedidas, pelo menos para mim, foram dispensáveis, primeiro porque pretendo voltar e quem sabe ter o mesmo orgulho da menininha sabida, branca e de cabelos curtos: "Sejam bem vindos à minha casa". Que soletrada por mais de 70 crianças torna-se um belo palácio. A partir de 05 de junho de 2005 está oficialmente fundado o fã clube da Vovó Flor.

Friday, June 03, 2005

No id.

Há tempos não consigo mais escrever. Meus dedos ficaram mudos, a imaginação cega. A possibilidade de enxergar um palmo atrás das minhas idéias é bastante remota em tempos assim. Tenho desenhado rascunhos dos personagens que me inventaram, porém não publico com medo que eles descubram. Psssiuuuu. Favor, não quebrar sigilo de identidades.